História do clube:
ALECRIM F.C.: 90 ANOS DE GLÓRIA E RESISTÊNCIA
Carlos Alberto N. de Andrade
Sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
No dia 15 de agosto de 1915 um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Café Filho (ex-Presidente da República e ex-goleiro do Alecrim em 1918 e 1919), Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinôco, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino, em reunião realizada na casa do Cel. Solon Andrade, fundaram no então longínquo bairro do Alecrim, próximo da atual Igreja São Pedro, o Alecrim F.C. A idéia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem.
Alguns “pesquisadores” afirmam que o Alecrim foi fundado em 15 de agosto de 1917. Entretanto, no dia 26 de setembro de 1916, o jornal A República n.º 215 publicava a seguinte notícia na coluna “VÁRIAS”: “No bairro do Alecrim, alguns moços fundaram o Alecrim Foot Ball Club que manterá uma escola nocturna gratuita para o ensino às creanças pobres daquelle bairro. Louvamos a iniciativa dos jovens daquella associação, que por esta forma esforçam-se para extinguir o analphabetismo que em grande escala se desenvolve no nosso paiz” (grafia da época).
Apesar desta notícia ter sido publicada em 1916, isto não significa que o Alecrim Futebol Clube tenha sido fundado neste ano, pois como a cidade do Natal se concentrava praticamente na Ribeira, e o Alecrim – chamado de bairro novo – localizava-se na zona rural de Natal, é possível que a notícia tenha sido publicada com atraso, pois como pesquisador observamos que certas notícias – de acordo com o interesse da imprensa – muitas vezes eram publicadas um ano após o fato.
Recentemente, o historiador Alberto Medeiros durante o desenvolvimento de sua pesquisa sobre a história do clube alecrinense, encontrou na Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF), papel timbrado da década de quarenta com a data de fundação do Alecrim F.C. de 15 de agosto de 1915.
Além disso, na época, jogadores e torcedores de ABC e América faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim F.C. era composto basicamente de negros e descendentes de índios, o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.
O Alecrim nos anos sessenta era chamado de “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América e perdiam para o esquadrão esmeraldino. Exemplo de força do clube verde nesta década foi o caso do Rampla Júnior do Uruguai que numa excursão ao Brasil estava invicto: 0x0 com o Americano de Campos (RJ); 2x1 no Democrata de Governador Valadares(MG); 2x0 no Fortaleza; 1x1 com o Treze de Campina Grande(PB); 2x2 com o Náutico do Recife; vindo a perder finalmente para o Alecrim por 1x0 com gol do artilheiro Rui.
Os grandes dirigentes, baluartes e abnegados da história do Alecrim foram: Bastos Santana, Severino Lopes, Humberto Medeiros, Cel. Veiga, Cel. Pedro Selva, Clóvis Mota, Walter Dore, Braz Nunes, Rubens Massud, Wober Lopes Pinheiro, Gabriel Sucar, Cel. Solon Andrade, além do grande patrono Monsenhor Walfredo Gurgel (nome da atual sede campestre do clube). Foi na gestão do Governador Walfredo Gurgel que foi doado o terreno da Av. Alexandrino de Alencar, posteriormente vendido ao Ministério da Marinha que proporcionou recursos para a compra do terreno da atual sede campestre.
Os seguintes jogadores são considerados os melhores da história do Alecrim: Pindaró, Foster, Caçula, Veiga, Mundico, Gentil, Sansão, Manuelzinho, Perequeté, Zezé, Berilo, Miltinho, Orlando, Miro, João Paulo, Capiba, Sileno, Anchieta, Vasconcelos (ex-jogador do Náutico, Palmeiras, Internacional e Colo-Colo do Chile), Odilon, Alberí, Baíca, Curió, Valter Cardoso, Saraiva,Ticão, Icário, Burunga, entre outros. Em 2001, alguns jornalistas, pesquisadores e torcedores elegeram o Alecrim do século: Manuelzinho, Saraiva, Miro, Berilo e Anchieta. Valdomiro, Pedrinho e Vasconcelos. Zezé, Odilon e Icário. Técnico: Pedrinho Teixeira (Pedro 40).
TÍTULOS DO CAMPEONATO POTIGUAR:
- O Alecrim conseguiu seu primeiro título em 1925, realizando a seguinte campanha invicta: 1º turno: Alecrim 3x1 América, Alecrim 1x1 ABC, Alecrim 1x0 Ypiranga, Alecrim 2x1 Santa Cruz. 2º turno: Alecrim 0x0 Ypiranga, Alecrim 2x1 Santa Cruz, Alecrim 1x0 América, Alecrim 3x2 ABC. A onzena tricolor (na época o Alecrim era tricolor) campeã daquele ano foi a seguinte: Octávio, Lula e Pindaró. Foster, Zé Dantas e Nozinho. José Carlos, Garcia, Gentil, Deão e Miguel. Jogaram ainda: Santana, Freitas, Câmara, Batista, Carvalho, Ferreira, Neco, Firmino, Dumaresq, Sinésio, Sisudo, Alemão, Zacarias e Jannini. Técnico: Alexandre Kruze.
- 1963: Sansão, Miltinho, Miro, Berilo e Mário. Ilo e Osiel. Zezé, Galdino, Paulo e Ferreira. Jogaram também: Caranguejo e Orlando. Técnico: Geléia.
CAMPANHA DO PRIMEIRO TURNO
Alecrim 2x1 Atlético – Gols: Paulo (2)
Alecrim 2x1 ABC – Gols: Paulo e Miltinho
Alecrim 4x2 Globo – Gols: Ferreira(3) e Paulo
Alecrim 5x0 Santa Cruz – Gols: Ferreira(2), Galdino(2) e Orlando
Alecrim 1x0 Ferroviário – Gol: Galdino
Alecrim 3x0 Riachuelo – Gols: Oziel(2) e Galdino
Alecrim 5x1 Potiguar – Gols: Galdino (4) e Ferreira
SEGUNDO TURNO
Alecrim 3x0 Atlético – Gols: Ilo, Zezé e Oziel
Alecrim 4x1 ABC – Gols: Ferreira, Galdino, Caranguejo e Oziel
Alecrim 2x0 Globo – Gols: Oziel(2)
Alecrim 7x2 Santa Cruz – Gols: Oziel(2), Ferreira(2), Galdino(2) e Paulo
Alecrim 5x1 Ferroviário – Gols: Paulo(2), Galdino(2) e Ferreira
Alecrim 5x0 Potiguar – Gols: Ilo(2), Oziel(2) e Galdino
Alecrim 5x2 Riachuelo – Gols: Oziel(2) e Ferreira(3)
TERCEIRO TURNO
Alecrim 1x3 ABC – Gol: Ferreira
Alecrim 5x4 Globo – Gols: Ferreira(2), Paulo(2) e Oziel
Alecrim 1x2 Riachuelo – Gol: Paulo
PARTIDA EXTRA DECISIVA
Alecrim 3x1 ABC – Gols: Zezé(2) e Ferreira
VERSOS CANTADOS PELA TORCIDA DO ALECRIM APÓS A DECISÃO COM O ABC
I
O Alecrim não é Bangú
Perdeu só de brincadeira
Vencer no terceiro no turno
Afastaria a frasqueira
II
Falando contra Bazinho
Quando o Alecrim vencia
No jogo com o ABC
O juiz outro seria
III
A partida do returno
Quem apitou foi Camilo
Botando logo prá fora
O centro médio Berilo
IV
O nosso quarto zagueiro
Ficou triste a lamentar
Pois quem praticou a falta
Continuou a jogar
V
Começa o segundo tempo
Expulsa também Zezé
E mesmo com nove homens
O Alecrim deu olé
VI
Vai haver melhor de duas
Diziam os torcedores
Mas foi só melhor de uma
Prá dar folga aos jogadores
VII
Vencendo a partida extra
O Alecrim quis provar
Perdeu no terceiro turno
Para a frasqueira voltar.
- 1964: 1º Bicampeonato: Manuelzinho, Miltinho, Orlando, Miro e Berilo. João Paulo e Sileno. Zezé, Paulo, Galdino e Osiel. Reservas: Ferreira, Rafael, Caranguejo, Creso e Papagaio. Técnico: Geléia e Pedrinho Teixeira (conhecido como Pedro 40).
CAMPANHA DO PRIMEIRO TURNO
Alecrim 9x0 Santa Cruz – Gols: Paulo(4), Galdino(4) e Rafael
Alecrim 3x1 Atlético – Gols: Galdino(2) e Ferreira
Alecrim 3x0 Globo – Gols: Papagaio, Creso e Caranguejo
QUADRANGULAR DECISIVO DO 1º TURNO
Alecrim 2x2 ABC – Gols: Galdino e Ferreira
Alecrim 3x1 Ferroviário – Gols: Ferreira(2) e Galdino
Alecrim 1x0 Atlético – Gol: Oziel
Alecrim 0x0 ABC – Decisão nos penaltes: Alecrim 2x1 ABC
SEGUNDO TURNO
Alecrim 1x3 Potiguar – Gol: Papagaio
Alecrim 0x0 ABC
TERCEIRO TURNO
Alecrim 4x0 Riachuelo – Gols: Ferreira(2), Paulo e Galdino
Alecrim 1x2 Ferroviário – Gol: Zezé
QUADRANGULAR DECISIVO DO TERCEIRO TURNO
Alecrim 0x0 Ferroviário
Alecrim 3x1 Globo – Gols: Zezé, Galdino e Oziel
DECISÃO DO TERCEIRO TURNO
Alecrim 2x0 Ferroviário – Gols: Ferreira e Oziel
DECISÃO EXTRA
Alecrim 0X2 ABC
MELHOR DE TRÊS
Alecrim 0x0 ABC
Alecrim 0x0 ABC
Alecrim 1x1 ABC – Gol: Oziel
FINAL
Alecrim 3x1 ABC – Gols: Zezé, Miltinho e Piaba(contra).
VERSOS CANTADOS PELA TORCIDA EM HOMENAGEM AO BI-CAMPEONATO
I
A história desse bi
Não é contada de vez
Para a frasqueira sentir
A dor da melhor de três
II
Depois da partida extra
Ninguém podia falar
Que qualquer frasqueira besta
Mandava logo calar
III
Veio a primeira partida
Em noite de quinta feira
Deixando quase entupida
A tão famosa frasqueira
IV
Veio a Segunda, em seguida
Com o mesmo resultado
E a frasqueira “sabida”
Disse que foi combinado
V
No empate da terceira
Houve gol: feio e bonito,
O feio foi da frasqueira
O outro do periquito
VI
Até a velha Rouqueira
Voltou a funcionar
Para alegrar a frasqueira
Que começou a pular
VII
A história desse jogo
Já deve chegar ao fim
Porque depois desse fogo
Veio o gol do Alecrim
VIII
A torcida é muito pouca
Mas vibra e tem prazer
Pois grita que fica rouca
Vendo a frasqueira sofrer
IX
Não adianta ser grande
Sem ter com que se alegrar
O pequeno se expande
O grande só faz olhar
X
Desta vez não tem desculpa
De não estar preparado
Pois o próprio treinador
Disse eu sou “renomado”
XI
Disse um dia pelo Rádio
Na sua concentração
Ganhando a partida extra
Garanto ser campeão
XII
Foram buscar no Recife
Um “mister” Sebastião
O Alecrim venceu tudo
Rolando a bola no chão
XIII
Agora vamos prá outra
Se sabem fazer esporte
Parabenizem o Bi do Rio
Grande do Norte.
- 1968: este foi o 4º da história e o 2º invicto com a seguinte campanha: Alecrim 3x2 Riachuelo; Alecrim 2x1 América; Alecrim 5x0 Atlético; Alecrim 1x1 ABC; Alecrim 3x1 Ferroviário: Alecrim 1x0 Riachuelo; Alecrim 2x2 América; Alecrim 4x0 Atlético; Alecrim 1x1 ABC; Alecrim 2x0 Ferroviário. Onzena campeã: Eliezer, Luizinho, Cândido, Miro e Anchieta. Pedrinho e Valdomiro. Zezé, Elson, Icário e Burunga. Reservas: Odissé, Galdino, Gonzaga. Técnico: Pedrinho Teixeira (Pedro 40). Artilheiro do campeonato: Icário (Alecrim): 8 gols.
- 1985: Para chegar ao seu quinto título estadual, o Alecrim jogou 30 vezes. Foi campeão do segundo e terceiro turnos. Venceu 18, empatou cinco e perdeu sete partidas. Teve o melhor ataque (46 gols) e a defesa menos vazada (22), além do artilheiro do campeonato: Curió com 10 gols. Onzena campeã: César, Saraiva, Lúcio Sabiá, De Leon (Ronaldo) e Soares. Carlos Alberto, Didi Duarte e Odilon (Romildo). Curió (Baíca), Freitas e Edmo. Técnico: Ferdinando Teixeira.
CAMPANHA
Alecrim x América: 0x1; 0x1; 2x0; 1x1; 2x1; 2x4; 3x1; 1x0 e 2x0
Alecrim x ABC: 0x2; 0x2; 1x0; 1x1; 0x1; 2x0; 2x0; e 2x0
Alecrim x Baraúnas: 0x0; 2x0 e 2x1
Alecrim x Potiguar: 1x0; 1x2 e 4x0
Alecrim x Potiguar (Mossoró): 3x3; 2x0 e 0x0
Alecrim x Atlético: 1x0 e 3x1
Alecrim x Riachuelo: 1x0 e 5x0.
- 1986: O Alecrim chegou ao título de bicampeão com 15 vitórias, nove empates e seis derrotas em 30 jogos. Fez 43 gols e sofreu 19. Tendo ainda, como artilheiro do campeonato, pela segunda vez consecutiva, o ponta direita Curió com 12 gols.Time bicampeão: César, Saraiva, Lúcio Sabiá, Ronaldo e Soares. Doca, Odilon e Didi Duarte. Curió, Baíca e Edmo. Técnico: Ferdinando Teixeira.
CAMPANHA
Alecrim x América: 0x1; 1x1; 3x1; 4x2; 1x0; 1x0 e 1x1
Alecrim x ABC: 0x0; 0x1; 2x1; 1x2; 0x0; 0x0; 0x0; 1x0; 1x1 e 0x0
Alecrim x Potiguar: 1x2; 2x1; 3x0; 2x0; 2x1; 3x0 e 1x2
Alecrim x Baraúnas: 1x1; 2x1; 0x1 e 2x0.
Alecrim x Atlético: 5x0
Alecrim x Riachuelo: 3x0
- Entre os diversos títulos ganhos pelo Alecrim da Taça Cidade do Natal destaca-se o time campeão de 1979 com a presença de Alberí: Batista, Ivan Montenegro, Valter Cardoso, Luizão e Gonzaguinha. Nilson e Betinho. Natan, Alberí, Abel e Edmilson.
- FONTES DE PESQUISA: A República, O Natalense, A Imprensa, A Notícia, A Ordem, Folha da Tarde, Jornal de Natal, Diário de Natal, O Poti, Revista Placar.
Hino do alecrim
AUTOR: dozinho
O huip hurra ao nosso bicampeão
Todo povo te saúda de alma e coração
Bate olé no gramado com o adversário seu
Alecrim Futebol Clube você é meu (Bis).
É voz geral da torcida potiguar
O negócio só tem graça se o Alecrim jogar
Dá gosto ver
Os meninos traçando o bolão pra valer
Deixando o adversário
Sem nada pra poder fazer
Olé!
Fonte: www.alecrimfc.com